Dia Mundial do Meio Ambiente: o futuro da construção civil será verde?
O Brasil é referência no uso de energias limpas, e o setor da construção civil se prepara para um futuro mais verde; veja o que esperar
Neste domingo, 05 de junho, o mundo inteiro celebra a Semana do Meio Ambiente. Trata-se de uma data importante para relembrar a importância da conscientização e da preservação do patrimônio natural.
A construção civil sempre foi uma área condenada por práticas pouco ecológicas – e o setor tem se movimentado para mudar essa imagem. Um conceito – não tão novo, mas amplamente discutido agora que o ESG ganhou mais relevância – é o de construção sustentável: trata-se de aplicar as práticas de engenharia e construção civil de uma forma mais verde. O termo surgiu nos anos 1970 em razão da crise do petróleo.
A preocupação em buscar alternativas menos agressivas e sair da dependência dos recursos naturais cresceu. As novas gerações, inclusive, estão chegando são mais preocupadas com essas questões, afinal, já sentem de perto os impactos negativos do descuido com a mãe natureza. A sustentabilidade não é um simples modismo, mas uma verdadeira tendência que promete ultrapassar gerações.
O futuro será sustentável?
Analisando o presente, é possível prever que sim, o futuro será sustentável. O Brasil é lar da maior parte da maior floresta tropical do mundo, a Mata Atlântica, e preservar esse importante patrimônio se tornou uma missão (interna, entre os brasileiros, como do restante do mundo). Outro dado que mostra essa preocupação foi o crescimento do uso de energias renováveis, em especial, a solar. O Brasil possui 48% de fontes renováveis na matriz energética (a média mundial é de 14%). Em 2022, o mundo bateu recorde no uso de energia solar, e o Brasil liderou entre os países da América Latina.
Propriamente sobre construções sustentáveis, o Brasil ocupa a 4ª posição como o país que mais investe em prédios verdes no mundo todo.
A CASACOR, por exemplo, considerada como a maior e mais completa mostra de arquitetura e design de interiores das Américas, tem um forte pilar de sustentabilidade, e todos os anos recebe projetos inovadores com tendências sustentáveis – seja por métodos construtivos, materiais sustentáveis e implementação de opções mais limpas para os moradores (casas com painéis fotovoltaicos, telhado verde, etc.).
Construções a seco
As construções a seco já não são mais uma novidade, mas é impossível não pensar nelas ao falar de construções sustentáveis e o que esperar para o futuro. Porque a verdade é que o esperado é que esses dois métodos construtivos que prejudicam pouco (ou quase nada) o meio ambiente sejam cada vez mais adotados.
O Wood Frame é um sistema de construção que tem como principal pilar a estruturação de um projeto eco-friendly sem geração de resíduos. Esse tipo de projeto reduz consideravelmente o desperdício com matérias-primas e recursos como a água, por exemplo.
Já o Steel Frame é um sistema de armações formadas por perfis de aço que dão corpo à estrutura do empreendimento. Para substituir blocos de cerâmica ou concreto, placas cimentícias fazem os fechamentos externos, enquanto o gesso acartonado se responsabiliza por esse papel no interior da edificação.
Cuidado com as comunidades
Um pilar que muitas vezes é esquecido no ESG – Environmental, social, and corporate governance – é o “social”. Cada vez mais a construção civil é encarada como uma forma de democratizar e dar acesso às pessoas; seja a uma habitação, um espaço para lazer ou mesmo como forma de arte para apreciar.
Mais e mais arquitetos têm apostado em materiais artesanais de comunidades para inovar nos ambientes. O luxo de hoje não é só buscar grandes nomes de designers que assinam o mobiliário, mas apostar em itens bonitos que tenham uma história por trás.
Exemplo disso é o hotel Soori, em Bali. O local é um dos mais luxuosos hotéis da Indonésia e investe em produtos das comunidades locais para fortalecer a economia local e alavancar os pequenos empreendedores. Além disso, o hotel também realiza o reaproveitamento total da água das chuvas.
Na CASACOR, a participação e o engajamento de comunidades também se tornou fundamental. Em 2021, um Contêiner, assinado por Gustavo Martins, exibido na CASACOR foi doado para servir de biblioteca em um bairro periférico da zona sul de São Paulo.
De maneira geral, esses são apenas alguns exemplos que mostram que o cuidado com a comunidade também entrou na pauta de profissionais da construção civil, mostrando que a prática sustentável está indo muito além dos cuidados apenas com a natureza.
Pritzker de Arquitetura 2022
Um fato que não pode ser ignorado e que dá esperanças de um futuro mais verde foi a escolha do vencedor do Pritzker de Arquitetura deste ano. Francis Kéré foi a primeira pessoa negra a conseguir tal honraria, e seu trabalho é muito focado em transformar comunidades e apostar em materiais sustentáveis.
“Espero mudar o paradigma, levar as pessoas a sonhar e arriscar. Não é porque você é rico que você deve desperdiçar material. Não é porque você é pobre que você não deve tentar criar algo de qualidade, (…) Todo mundo merece qualidade, todo mundo merece luxo e todo mundo merece conforto. Estamos interligados e as preocupações com o clima, a democracia e a escassez são preocupações de todos nós”, defende o arquiteto.
Conheça alguns de seus projetos na galeria abaixo:
Carbono zero
Apesar das práticas modernas e, de certa forma, revolucionárias, a construção civil ainda tem um grande desafio: o de reduzir a taxa de dióxido de carbono. O setor é responsável hoje por quase 40% das emissões mundiais do gás.
Dado o cenário, um conceito começou a ganhar força: o Carbono Zero. Trata-se de uma série de medidas que países do mundo inteiro estão adotando para conter a produção de CO2 – um gás prejudicial à saúde. De acordo com o Observatório de Clima, o Brasil em 2020 foi na contramão do mundo e teve um crescimento na emissão de CO2. Foram 2,16 bilhões de toneladas de gás carbônico versus 1,97 bilhão em 2019 – isso em plena pandemia.
Na arquitetura, começou a se discutir a ideia de “Arquitetura Net-Zero” para amenizar ou até zerar a emissão desse gás nos projetos. Para isso se tornar realidade, especialistas passam a adotar práticas de arquitetura bioclimática, uso de energias limpas sempre que possível durante a obra, uso de carbono embutido, entre outros itens.
“Net-Zero” é o nome dado a uma edificação que consegue balancear o consumo durante a obra com o que será economizado durante toda a sua vida útil. Ou seja: é difícil eliminar 100% a produção de carbono durante a construção, mas, é possível fazer uma ambientação que conta com elementos mais verdes para que, durante toda a sua vida útil, não produza gases do efeito estufa.
Muitos materiais ainda estão sendo estudados e tendências estão surgindo ano após ano com a evolução da tecnologia. O futuro será verde e cada vez mais profissionais estão tentando se adequar à essa nova exigência tão importante para a preservação das espécies – inclusive, da nossa própria, a humana, também.