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Brasil vence o Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura de Veneza

Com curadoria de Gabriela de Matos e Paulo Tavares, o Pavilhão Terra coloca os visitantes em contato com as arquiteturas afrobrasileiras e indígenas

Por Redação
Atualizado em 23 Maio 2023, 14h00 - Publicado em 22 Maio 2023, 09h44

Pela primeira vez na história, o Pavilhão Brasil se tornou o vencedor do Leão de Ouro da 18ª Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza. A premiação, que aconteceu no último sábado (20) no Ca’ Giustinian, sede da Bienal de Veneza, reconheceu o projeto – que teve curadoria dupla de Gabriela de Matos e Paulo Tavares – graças à sua “exposição de pesquisa e intervenção arquitetônica que centra as filosofias e imaginários da população indígena e negra em modos de reparação”.

Pavilhão Brasil na 18ª Mostra Internacional de Arquitetura na Bienal de Arquitetura de Veneza em 2023.
Pavilhão Brasil na 18ª Mostra Internacional de Arquitetura na Bienal de Arquitetura de Veneza em 2023. (Divulgação/CASACOR)

Com o título “Terra“, o Pavilhão Brasil colocou a terra no centro do debate: tanto como poética quanto como elemento concreto no espaço expositivo. Dessa forma, o pavilhão – completamente aterrado – coloca os visitantes em contato com as chamadas arquiteturas ancestrais, ou seja, as realizadas por comunidades indígenas, quilombolas e sertanejas, além dos terreiros de candomblé; indo portanto diretamente de encontro com o tema da Bienal de Veneza em 2023, “Laboratório do Futuro“.

Essa é a primeira vez também que a Bienal de Veneza coloca os holofotes sobre a África e a diáspora africana. Com o mote “é impossível construir um mundo melhor se não o imaginarmos primeiro”, a exposição não pretende retratar uma história única, mas contar “várias histórias que refletem o caleidoscópio deslumbrante e irritante de ideias, contextos, aspirações, e significados que respondem às questões de seu tempo”, nas palavras de Lesley Lokko, arquiteta, acadêmica e romancista ganense-escocesa, curadora do evento neste ano.

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Pavilhão Brasil na 18ª Mostra Internacional de Arquitetura na Bienal de Arquitetura de Veneza em 2023.
(Rafa Jacinto/Fundação Bienal de São Paulo/CASACOR)

Sobre o projeto, os curadores disseram: “Nossa proposta curatorial parte de pensar o Brasil enquanto terra. Terra como solo, adubo, chão e território. Mas também terra em seu sentido global e cósmico, como planeta e casa comum de toda a vida humana e não humana. Terra como memória, e também como futuro, olhando o passado e o patrimônio para ampliar o campo da arquitetura frente às mais prementes questões urbanas, territoriais e ambientais contemporâneas”.

Nas redes sociais, Gabriela de Matos, primeira curadora negra da história do pavilhão brasileiro, se manifestou: “Há tempos venho pensando o quão importante seria que o cenário mundial de arquitetura soubesse sobre a arquitetura afro brasileira, essa que surge a partir da diáspora africana e se desdobra em um modo de ser e de fazer singular. (…) Pois bem, aqui estamos com apenas dois dias após a abertura de “Terra”, a exposição que é resultado dessa reverência a esses saberes e formas ancestrais, e então o reconhecimento disso vem através do Leão de Ouro de melhor participação Nacional para o nosso pavilhão do Brasil”.

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O júri votante da Bienal de Veneza em 2023 contou com o arquiteto italiano e presidente do júri Ippolito Pestellini Laparelli; além de Nora Akawi, da Palestina; a norte-americana Thelma Golden; Tau Tavengwa, do Zimbabwe; e Izabela Wieczorek, da Polônia.

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