Visionário, filósofo, arquiteto. Oscar Niemeyer Ribeiro Soares Filho nasceu no dia 15 de dezembro, no Rio de Janeiro. Sua vida longeva foi repleta de trabalhos icônicos, com os quais ganhou renome nacional e internacional. Porém, Niemeyer, mesmo após o centenário, sentia prazer em falar das obras presentes e futuras, tirando, do passado, apenas a sabedoria. Seus mais de 600 projetos ao redor do mundo surpreendem até hoje acadêmicos e leigos com as formas inesperadas, as curvas “infinitas” e um equilíbrio que parece impossível à primeira vista.
“Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito”
Sua formação acadêmica foi de Engenheiro-Arquiteto, concluída em 1934, na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro. Dois anos antes de se formar, já trabalhava como estagiário no escritório de Lúcio Costa. Foi nessa equipe que conheceu o francês Le Courbusier, projetando, junto do futuro parceiro de longa data, o novo prédio para o Ministério da Educação e Saúde Pública.
O contato precoce com JK, ainda em 1940, permitiu que Niemeyer participasse de grandes obras públicas, tais como o conjunto da Pampulha e as sedes do governo da nova capital, Brasília, em 1956, que havia sido projetada por seu mentor, Lúcio Costa.
“Não é o ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu País, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o Universo – o Universo curvo de Einstein”
Militante de esquerda, Niemeyer se exila na França quando os militares tomam o poder em 1964. Longe da ditadura, ele assina a Sede do Partido Comunista na França. Quando volta ao Brasil em 1979, recebe o Prêmio Pritzker de Arquitetura e em 1996, é condecorado com outra honraria internacional, o Prêmio Leão de Ouro da Bienal de Veneza.
O profissional foi casado com Anita Baldo por 76 anos, até outubro de 2004, quando fica viúvo. Dois anos depois, casa-se com sua secretária, Vera Lúcia Cabreira. Além de arquiteto, trabalhou também como escritor, designer, desenhista e escultor.
Apesar de ter conquistado fama mundial pelos projetos, Niemeyer jamais deixou de ressaltar a solidariedade como o valor que importava acima de qualquer curva de concreto. No dia 5 de dezembro 2012, ele falece no Rio de Janeiro, aos 104 anos, deixando para trás um legado de vida que, definitivamente, é maior que a arquitetura.
“A vida é mais importante do que a arquitetura”