Achillina di Enrico Bo nasceu em Roma, em 1914. Ali se formou em Arquitetura pela Universidade de Roma, porém foi em Milão que conseguiu ganhar alguma visibilidade e montar seu próprio escritório. Não eram tempos fáceis, contudo. A Europa vivia a Segunda Guerra Mundial e ela chegou a ter seu escritório bombardeado. Lina não partilhava das ideias nazi-fascistas, ingressou no Partido Comunista e participou da resistência contra a ocupação alemã em 1943.
Em 1946, tentando se afastar do cenário de destruição do Velho Mundo, Lina e o marido – o célebre jornalista Pietro Maria Bardi – vêm para o Brasil em busca de um começo. O casal se instala no Rio de Janeiro e a arquitetura moderna carioca encanta a italiana. Lina vê em seu novo país a possibilidade de expandir suas ideias e projetos dentro do movimento modernista que ganhava força. Essa arquitetura contava com novas tecnologias e materiais como concreto armado e o aço para construir formas limpas e sem ornamentação. O objetivo eram obras que fugissem do supérfluo e fossem verdadeiros manifestos de ideais como a igualdade e simplicidade. Lina passa o restante de sua vida no Brasil, trabalhando intensamente até 1992, ano de seu falecimento.
“Me senti num país inimaginável, onde tudo era possível”. Lina sobre chegar ao Brasil
Até recentemente, sua obra permaneceu pouco estudada pela Academia, devido ao certo desprezo de pequisadores pelo trabalho de uma mulher em uma área de atuação predominantemente masculina. Felizmente, hoje, em tempos de necessária mudança, o legado de Lina Bo vem sendo reconhecido, nacional e internacionalmente. Há algo marcante e único em seus projetos: a preocupação humana por trás de cada obra. Os prédios, museus e casas projetados por ela servem como ponto de partida para a transformação social de seu entorno, convidando todos, sem distinção, a fazer parte dos ambientes. Segundo o professor de História da Arte da FMU, Gabriel Ruiz de Oliveira, “Lina Bo Bardi, por meio de seus projetos, procurou reconhecer e dar legitimidade às tradicionais técnicas artesanais locais. Sua sensibilidade e simplicidade no uso das formas é capaz de criar espaços memoráveis”.
Lina abraçou o Brasil, a terra natal que escolheu para si, e compreendeu suas complexidades sociais e culturais como poucos conseguiram. Foi a brasileiríssima dama da Arquitetura Moderna.
Conheça algumas de suas obras abaixo: