O mar do Leblon é o pano de fundo deste apartamento de 280 m²
Privilegiar a vista e aproveitar o sol da manhã foram os objetivos deste projeto assinado pelo escritório Studio 021 Arquitetura
Um casal idoso, na faixa dos 80 anos, morava no andar de baixo do mesmo prédio, no Leblon (RJ), mas, como o apartamento antigo recebia o sol da tarde, decidiu mudar para o andar de cima em busca do sol da manhã. Com as chaves na mão, os novos proprietários encomendaram às arquitetas Camila Simbalista e Paula Wetzel, do escritório Studio 021 Arquitetura e elenco CASACOR Rio, um projeto de reforma completa, incluindo a decoração de todos os cômodos do imóvel, com 280 m².
“No geral, eles pediram uma sala clara e ampla para receber confortavelmente os amigos, filhos e netos jovens, e um novo acesso à cozinha”, conta Paula. “Na área íntima, pediram um quarto independente para cada um – com cama de casal –, muitos armários para a esposa e um quarto multiuso com tripla função: hóspedes, escritório e academia”, acrescenta Camila.
Após a reforma, o imóvel passou a ter três suítes maiores (uma para cada cônjuge e uma terceira multiuso) e o dormitório próximo à sala foi eliminado para aumentar a área social. As arquitetas também integraram todas as varandas às áreas internas para deixar os espaços mais amplos e mudaram o acesso à cozinha, antes pela área íntima, para a área social, sem alterar, no entanto, a posição original do cômodo. “Em termos de layout, esse foi um dos grandes desafios do projeto”, diz Paula.
Segundo as arquitetas, o conceito do projeto partiu da vista da praia do Leblon para criar ambientes claros e arejados. “Queríamos um apartamento solar, que transmitisse a sensação de leveza, calma e amplitude, com base clara e neutra para receber o acervo do casal, sem pesar visualmente”, resume Camila.
Na decoração, várias peças do antigo apartamento foram aproveitadas, especialmente as obras de arte, os objetos, a grande coleção de discos de vinil (que foi guardada em uma estante na sala desenhada pelas arquitetas para esta finalidade), o tapete persa, a mesa de centro da sala de TV, o banco em madeira e quatro cadeiras (de madeira, com assento estofado e encosto em palhinha).
Entre os móveis novos, foram priorizadas criações brasileiras de design assinado e atemporais, com destaque para as 12 cadeiras de jantar Beg, o banco Magrini e as poltronas Renata (de Sergio Rodrigues), as mesas de centro Curupira e a mesa de jantar Cazumba (de Maria Cândida Machado) e as luminárias pendentes de vidro incolor Mush (de Jader Almeida). “Como os clientes gostam de peças antigas, garimpamos no antiquário Arnaldo Danemberg uma cômoda de madeira com aparência de bambu, posicionada em frente ao pilar de sustentação, que foi integralmente revestido com espelho”, informa Paula.
Para não tirar o protagonismo da vista do mar e do céu, as arquitetas optaram por tons predominantemente claros, com destaque para as marcenarias de laca branca da área social (como a grande estante da sala estar, o buffet-louceiro “suspenso” fixado na parede e os painéis que revestem algumas paredes), o piso de mármore Travertino Navona e os tecidos usados nos estofamentos, que passeiam do branco ao bege, passando pelos tons off-white.
As cores mais vivas aparecem no décor de forma pontual, especialmente nas obras de arte e objetos, e a madeira natural – presente na estrutura dos móveis e nos painéis deslizantes com venezianas articuladas da sala TV (executado em Peroba-do-Campo) – acrescenta um toque de conforto e aconchego. “Além de esconder os equipamentos de TV e a área técnica de ar condicionado, esses painéis também disfarçam a presença marcante do prédio vizinho e oferecem mais privacidade aos clientes”, pontua Camila.
Na cozinha, as arquitetas destacam o uso do laminado sintetizado com veios em toda área de bancadas e paredes. Aqui, a base neutra destaca o uso pontual da madeira natural, trazendo aconchego para um ambiente onde predominam os materiais frios. Outro destaque é a copa integrada, que é bem clara e confortável, já que os clientes usam bastante este espaço.