Com a notoriedade que as cozinhas conquistaram nos projetos residenciais, um ponto tornou-se ainda mais evidente na sua concepção: a importância da ergonomia.
Sempre atento a esses cuidados, o arquiteto Bruno Moraes, à frente do escritório BMA Studio, deixou essa preocupação ainda mais evidente no projeto que assina para a CASACOR São Paulo 2023.
Em sua ‘Cozinha Funcional’, o profissional denota a estética arrojada da sua proposta, bem como assinala a importância de observar as medidas confortáveis para a instalação das áreas de trabalho e eletrodomésticos.
Mas, de quais conceitos nasce uma cozinha ergonômica? Confira 5 características apontadas pelo arquiteto Bruno Moraes.
1. Armários de cozinha
Um dos principais móveis de uma cozinha são os armários, que ocupam grande parte da área. Quando armários superiores são instalados acima do blackspash, o recuo é imprescindível para evitar acidentes.
Em termos de medidas, o arquiteto sinaliza uma distância de 75 cm quando temos o armário superior recuado do alinhamento da bancada, mas quando temos o armário superior alinhado com a bancada, sem recuo, precisamos ter mais de 1 m de distância entre armário e bancada.
2. Circulação no espaço
O ponto de partida é entender o fluxo da cozinha e a dinâmica dos moradores. Em layouts que apresentam apenas a bancada à frente de alguma parede, “cozinha corredor“, o profissional recomenda uma circulação maior, para não passar a impressão de ambiente apertado ou claustrofóbico.
De modo geral, a ideia é que o posicionamento dos móveis e eletrodomésticos não atrapalhem na dinâmica de preparação das refeições e no bem-receber dos moradores. Para Bruno Moraes, uma circulação entre 90 cm e 1,05 m propicia uma movimentação apropriada.
3. Torre quente
Ainda que para muitos ela pareça apenas um charme, pensar ergonomicamente na torre quente transforma a cozinha de maneira fantástica. Para isso, é preciso analisar as características do eletro, para produzir a marcenaria que o receba corretamente e que considere as necessidades de respiro de cada equipamento.
No que diz respeito às dimensões no nicho, ele indica que, em geral, as empresas sugerem um mínimo de 60 cm de profundidade, entretanto, vale sempre uma análise personalizada por parte do arquiteto, que entre outros pontos, precisa considerar uma altura que seja confortável aos olhos e ao acesso do morador.
4. Cooktop e pia
De maneira geral, o profissional considera a instalação do cooktop em uma altura entre 90 a 95 cm do piso, mas visando o conforto, ele deixa para bater o martelo após analisar as características do morador.
Outra medida referencial é a espessura da bancada que receberá a peça, que vai depender de acordo com a resistência do material que escolher.
O planejamento ainda considera uma distância mínima da parede, bem como um espaçamento, nas laterais do cooktop, que servirá como ventilação e uma área destinada para apoio dos alimentos.
Para evitar superaquecimento, é fundamental considerar uma folga entre 5 e 10 cm do fundo, dependendo do modelo que escolher, e sempre prever uma distância mínima da pia da cozinha (50 cm é um bom parâmetro) para não respingar água durante o uso da torneira. Semelhante ao cooktop, as pias acompanham o mesmo nível da bancada.
5. Bancada e setores de trabalho
Para as bancadas de trabalho, o arquiteto recomenda entre 90 a 95 cm de altura a partir do piso, sendo que propostas mais altas, como um balcão, podem atingir entre 1 a 1,10 m.
E quando a área recebe a atribuição de servir, em geral as banquetas devem apresentar uma altura de 75 cm, no caso de balcão e banquetas com altura de 65 cm para bancadas de até 95 cm do piso, deixando um recuo de 25 cm para o encaixe das pernas embaixo do balcão e um mínimo de 10 cm de recuo para o apoio dos pés na base de alvenaria, que normalmente é elevada do piso entre 10 e 15 cm com relação ao piso.