Apartamento de 98 m² ganha décor contemporâneo com toques de brutalismo
Para o seu próprio lar no Rio de Janeiro, o arquiteto Hugo Rapizo integrou ambientes e preservou o piso original de taco
Quando o arquiteto Hugo Rapizo soube que um apartamento do mesmo prédio onde morava com a esposa e a duas filhas pequenas estava à venda, não teve dúvidas: comprou o imóvel de 98 m², mesmo sabendo que precisaria encarar uma reforma. A vista para o verde do bairro das Laranjeiras (RJ), a planta e a grande incidência de luz solar foram os fatores-chave para a decisão.
Entre as principais modificações na planta do imóvel, o arquiteto conta que eliminou a parede que separava a sala da cozinha para criar um ambiente de jantar no espaço da antiga copa, deixando as três áreas integradas. “Essa alteração aumentou consideravelmente entrada de luz natural, tanto na cozinha quanto na parte mais escura da sala”, diz.
Além disso, o forro do teto da área social foi removido para aumentar a altura do pé-direito, deixando as vigas aparentes, em concreto bruto, e a parede da suíte voltada para a circulação foi derrubada para transformar o antigo closet do casal em escritório. O projeto faz referências claras ao modernismo dos anos 1950 e 1960 por meio de alguns elementos brutalistas, como as vigas aparentes, os móveis mais soltos (no lugar de marcenarias super planejadas) e muitas plantas.
Na decoração, com exceção da poltrona Mole (assinada por Sergio Rodrigues e recém-garimpada em leilão), a mesinha de apoio e a luminária preta de parede, praticamente todos os móveis foram aproveitados do apartamento antigo, como o sofá, o rack, a mesa de jantar e cadeiras. Já as novas marcenarias e o banco azulejado da varanda foram desenhados pelo arquiteto, sob medida para o apartamento novo.
No geral, a paleta de cores é bem neutra, composta de bege, marrom, madeira natural, cinza e branco, pontuada pelo verde das plantas. “A ideia foi criar um ambiente amplo que não fosse visualmente carregado, mas que tivesse personalidade. E que o resultado final deixasse o apartamento com atmosfera de casa”, resume Hugo.
O arquiteto também evitou acabamentos em cores fortes para transmitir calma, conforto e sensação acolhimento e, por vezes, resgatar a memória afetiva, a exemplo do tijolo de vidro que esconde a lateral da geladeira, o piso cerâmico da varanda (que lembra antigas lajotas de tijolo) e o encosto do sofá, estofado em couro caramelo. Original do apartamento, o piso em taco foi mantido e restaurado, enquanto as paredes foram pintadas de branco, quase como um framework para infinitas possibilidades.