O novo “Livro das Linhas” de João Diniz prova que poesia é arquitetura
Engana-se quem acha que os dois universos não podem coexistir: no livro de poesia de João Diniz, os versos são construídos como um edifício
O arquiteto e artista João Diniz anunciou, por meio do seu Instagram, a finalização de seu mais novo livro, “O Livro das Linhas“, lançado pela Caravana Editora como produto físico e e-book. O livro reúne uma série de poemas de sua autoria escritos ao longo dos últimos cinco anos, só agora organizados pelo artista.
O mundo da poesia não é estranho ao arquiteto, que já havia explorado estes caminhos em sua trajetória como artista, com o livro “Ábaco” (2011) e “Aforismos Experimentais” (2014); além de “Visible Cities“, em 2013 — um livro experimental com tiragem limitada.
Na apresentação escrita pelo poeta Tonico Mercador para “O Livro das Linhas”, ele atesta: “Neste criativo, insensato, absoluto Livro das Linhas, cujos versos se empilham como um edifício, uma torre, um castelo, João Diniz confirma Kandinsky em seu livro ‘Ponto e Linha sobre o Plano’: ‘A linha geométrica é um ser invisível. É o traço que abandona o ponto ao se mover e, portanto, é o seu resultado. Surge do movimento ao destruir o repouso total do ponto. Aqui se dá o salto do estático ao dinâmico’. Aqui, são várias as linhas que se movem, como se João Diniz quisesse, com elas, mostrar que é possível semear o deserto com palavras, que poemas podem conduzir o homem abandonado, o homem só, a uma outra paisagem, a um estimulante devir”.
Instalações com vocação de obra de arte
Engana-se quem acha que os dois universos não podem coexistir: para João Diniz, poesia é arquitetura, e arquitetura é poesia. Nascido em Juiz de Fora, Minas Gerais, o poeta-arquiteto se consolidou em Belo Horizonte à frente do escritório homônimo com obras públicas e residenciais; mas em especial pelas instalações que são verdadeiras obras de arte — tanto em conceito, quanto execução.
Prova disso é o Cuboesia, uma instalação multissensorial criada para a CASACOR Minas Gerais que revelava, em cada uma de suas faces, diferentes poemas de seis versos, que vazavam através de sua estrutura em metal.
A instalação de quase 4 metros de altura preencheu o jardim do Palácio das Mangabeiras, em Belo Horizonte, durante a 25ª edição da mostra mineira. O sucesso foi tamanho que o projeto de João e Bel Diniz foi escolhido para integrar o portal internacional do ArchDaily.
A história de João Diniz com a CASACOR não para aí — ao contrário, vem de muito antes disso. Em 2015, o arquiteto junto de José Baccarini desenhou a bilheteria da mostra em Minas Gerais com uma estrutura em aço oxidado que percorria, ao mesmo tempo, teto e piso da instalação — uma alusão às curvas de Niemeyer, em especial suas obras na Pampulha. O projeto também integra o acervo do ArchDaily e pode ser conferido aqui.